segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Escola X Saúde X Cidadania: como estes elementos estão relacionados?
Estamos vivendo em uma sociedade em que: “o ensino da saúde tem sido um desafio para a educação no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida”. (BRASIL, 1988a, p.61), pois, que a escola forme cidadãos preocupados com as degradações ambientais, que procure valorizar cada ser humano, sendo, deste modo, que a escola é a principal formadora de pessoas para uma vida saudável.
Em nenhum outro tempo falou-se tanto em promoção da saúde como no momento atual. Sendo que o conceito de promoção da saúde traz como princípios norteadores uma série de valores éticos, como a vida, a solidariedade, a equidade e a cidadania, e várias estratégias que visam concretizar a cooperação e parcerias. A importância dessas, é inquestionável e determinante do êxito da promoção da qualidade de vida das populações.
A escola é na realidade um espaço socialmente reconhecido para desenvolver o ato pedagógico, é uma instituição em que o ser humano passa longa e importante etapa de sua vida. Por sua missão educativa ser complementar à missão da família, a escola contribui na construção de valores pessoais e dos significados atribuídos a objetos e situações, entre eles a saúde.
A escola saudável é aquela que possui um ambiente solidário e propício ao aprendizado, por isso ela deve estar engajada no desenvolvimento de políticas públicas saudáveis e na estimulação da criação de entornos favorecedores à saúde, na aprendizagem de comportamentos que permitam a proteção do meio ambiente, na conservação de recursos naturais e na implicação cada vez maior da população em projetos de promoção da saúde.
A escola desempenha um papel importante na formação dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais. A escola nesse ponto tem um ambiente favorável para a promoção e manutenção da saúde da criança.
A cidadania deve ser exercida por todos sem distinção de classes sociais. Onde o governo com suas leis determina a divisão de deveres, sendo do Estado, da sociedade e da família, todos ajudam na educação da criança, na saúde, entre tantos outros meios que podem ajudar uma criança se desenvolver melhor, com dignidade.
Nesse contexto a criança tem seus direitos protegidos desde seu nascimento, obtêm uma qualidade vida como cidadã, sendo que desta forma poderá se tornar uma cidadã de bem, sabendo desta forma de seus direitos e deveres junto à sociedade, sendo que estes valores ela irá aprender na escola ou até mesmo em casa. No que se refere a saúde a criança também pode aprender em casa e muitas vezes é mais aperfeiçoada na escola, onde irá aprender, sobre cuidar do meio ambiente, sobre seu próprio corpo. Percebe-se desta forma que uma está relacionada à outra uma sem a outra pode existir, mas não terá o mesmo significado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009


Crônica de um crime do "progresso"

Cem anos se passaram entre a constatação dos perigos do amianto e a proibição de seu uso – que ainda não vigora em todos os países. Só na Europa, são 500 mil mortes, por câncer e outras doenças. A tragédia demonstra a necessidade de reconhecer o “princípio da precaução”

Ao passo que em 1962 uma recomendação europeia já alertava para riscos de câncer, foi preciso esperar até 2005 para ver entrar em vigor na Europa a proibição total do amianto. A razão dessa lentidão pode ser atribuída inteiramente às práticas de lobby dos antigos gigantes do amianto-cimento, tais como os grupos belga e suíço Eternit, assim como à inércia dos governos. Em vários países europeus, a justiça persegue atualmente os responsáveis de empresas que não informaram – ou não o fizeram suficientemente – seus trabalhadores sobre os riscos relacionados a essa exposição. Nos processos recentes contra industriais de primeiro plano, esses últimos seguem alegando que ignoravam os perigos do amianto.
Por meio de um julgamento com data de 4 de Setembro de 2006, o tribunal penal de instância superior de Lille condenou a sociedade Alstom Power Boilers a uma multa de 75 mil euros (R$ 212.994) por ter exposto seus assalariados ao amianto de 1998 a 2001. Trata-se, no caso, da pena máxima que a justiça poderia infligir à companhia, por esta "colocar em perigo a vida de terceiros”. Um antigo diretor, que também estava sendo processado, foi condenado a 9 meses de prisão com sursis e a uma multa de 3 mil euros (R$ 8.519,76). No âmbito civil, a sociedade foi condenada a pagar 10 mil euros (R$ 28.399,2) a cada um dos seus 150 assalariados. Na Sicília, no ano passado, oito altos dirigentes da Eternit se viram infligir penas de prisão com sursis contra as quais eles recorreram. Atualmente, em Turim, está sendo realizado um inquérito em grande escala contra sumidades belgas e suíças da mesma companhia.
O amianto é um produto geológico milagroso – de grande durabilidade e custo pouco elevado – que vem sendo extraído até hoje em minas do Canadá, da Rússia e da África do Sul. Não surpreende, portanto, que os industriais nele tivessem enxergado uma galinha dos ovos de ouro e o tenham transformado maciçamente em milhares de produtos tais como placas onduladas, têxteis, freios, material isolante.
O mundo médico previu muito cedo a catástrofe que estava por vir. O médico-inspetor do trabalho francês, Denis Auribault, já havia identificado o perigo em 1906, quando descreveu "pneumoconioses, tuberculoses pulmonares e escleroses do pulmão" entre os trabalhadores de uma usina de fiação e de tecelagem de amianto nos arredores de Condé-sur-Noireau (Calvados). A morte de cinquenta operários desta empresa chamara a sua atenção. Ele constatou que a instalação de sistemas de aspiração das poeiras permitia melhorar a situação e publicou suas descobertas numa das primeiras edições do Boletim da Inspeção do Trabalho. Contudo, foi preciso esperar até meados dos anos 1970 para ver se generalizarem medidas de prevenção nas companhias de amianto do continente. Essas medidas se revelaram insuficientes, uma vez que este é um produto cancerígeno em relação ao qual não se conhece um nível de exposição que não apresente perigo. Aliás, no decorrer desses mesmos anos de 1970, a transformação do amianto conheceu um ápice. A indústria sabia, e ainda assim seguiu produzindo e vendendo deliberadamente esse veneno.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A saúde mental no Brasil


A saúde mental no Brasil Na trajetória da luta pela transformação do modelo de assistência manicomial em saúde mental, militantes da Luta Antimanicomial ao longo dos anos vem denunciando as mais graves violações dos direitos humanos a que são submetidos os portadores de sofrimento mental. Mortes, maus tratos e humilhações ainda fazem parte do cotidiano de inúmeros hospitais psiquiátricos brasileiros como evidenciam as vistorias feitas, seja por iniciativa do poder público ou da sociedade civil. Com freqüência e facilidade essas instituições permanecem impunes e ainda se julgam no direito de requerer indenização, como forma de silenciar os defensores de direitos humanos no campo da Reforma Psiquiátrica.A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e suas afiliadas, na tentativa de manter seus interesses e ganhos econômicos, ameaçados pela falência da política segregacionista e violadora dos direitos humanos, busca na Justiça, através da impetração de processos, cercear o direito à livre expressão de profissionais de saúde mental, advogados e usuários, tentando calar os autores de tais denúncias.A ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Rio Grande do Norte, Valéria Sobral, responde a processo por ter participado da Inspeção Nacional em Unidades Psiquiátricas em Prol dos Direitos Humanos promovida pelo Conselho Federal de Psicologia e OAB. As ações judiciais pedem a indenização por danos morais no valor de R$ 100.000,00 e a condenação por calúnia e difamação e são movidas pela Casa de Saúde de Natal S/A, instituição inspecionada, que se mostrou descontente com o relatório apresentado pela Comissão de Inspeção e tenta responsabilizar a advogada pela situação detectada no momento da referida avaliação.O médico psiquiatra Epitácio Andrade e a ex-funcionária do Hospital Milton Marinho, Neuzanete Costa, militantes da Luta Antimanicomial, respondem a processos por ter denunciado a morte de Sandro Fragoso e outras mortes violentas ocorridas nesta instituição, além de atrocidades, violências e abandono dos pacientes.O vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Marcus Vinicius de Oliveira e Silva, responde a processo por danos morais, em conseqüência da organização e publicação do livro "A Instituição Sinistra: mortes violentas em Hospitais Psiquiátricos" e pela organização do "Tribunal dos Crimes da Paz: o hospital psiquiátrico no banco dos réus". Os autores do processo tentam puni-lo, exigindo a indenização no valor de R$ 65.000,00.Alem destas, uma outra ação ainda mais grave, tenta punir e silenciar o militante Austragésilo Carrano. Vítima do sistema manicomial, Carrano foi internado e relata tais experiências no livro "O Canto dos Malditos", transformado em filme O Bicho de Sete Cabeças e, por ter corajosamente relatado o horror desta experiência, sofre agora, a condenação em três processos judiciais que exigem indenização e seu silenciamento. As penas vão de uma indenização no valor de R$ 60.000,00 a multas diárias, caso mencione o nome dos hospitais e médicos, por ele denunciados, no valor de R$ 5.000,00/dia.O hospital psiquiátrico, aliado à Justiça, reafirma seu poder de silêncio, cassa direitos e violenta os cidadãos, mesmo após ter sido o responsável pela condenação pela Organização dos Estados Americanos (OEA), do governo brasileiro por crime de violação de direitos humanos.O caso Damião Ximenes, portador de sofrimento mental assassinado em um hospital psiquiátrico de Sobral (CE), foi julgado pela "OEA" e evidencia o poder de morte da instituição manicomial, fato que exige da sociedade e dos governos uma posição de intransigente defesa dos direitos humanos destes cidadãos.O apelo que fazem os autores das denúncias citadas, as Associações de Usuários dos Serviços de Saúde Mental, as entidades de Direitos Humanos, os militantes da causa antimanicomial é pelo fim de tais situações e pela substituição efetiva do modo de tratar os portadores de sofrimento mental, assegurando aos mesmos o direito à vida e a liberdade.
Fonte: www.osm.org.br

sábado, 13 de junho de 2009

A saúde está doente nos EUA

Michael Moore denuncia o sistema de saúde norte-americano que trata os doentes como "prejuízo". Sarcasmo e ironia renovadas no novo filme de Moore: Sicko.


Um homem mostra uma ferida aberta no joelho. Prepara-se para a coser, ali no sofá da sala, com uma agulha normal. Michael Moore apresenta-o. É um dos 50 milhões de americanos que não tem seguro de saúde.
Moore prossegue dizendo que 18 mil americanos vão morrer este ano por não terem seguro de saúde. O novo documentário do realizador Michael Moore volta a atacar: desta vez é a denúncia do sistema de saúde norte-americano que trata os doentes como fonte de prejuízo, naquele que é um programa de maximização de lucros das seguradoras e empresas farmacêuticas. Mas Moore não fala apenas dos que não têm seguro de saúde. Não fala apenas do homem que cortou as pontas de dois dedos numa serra e teve de escolher recuperar aquele que lhe saía mais barato. Nem da mulher a quem disseram que não lhe autorizavam o tratamento de que precisava porque era nova de mais para ter cancro. 22 anos. Mas tinha.
Michael Moore fala sobretudo dos outros: dos que tendo seguro de saúde têm as mesmas dificuldades em ter acesso aos tratamentos médicos de que precisam. Porque nos EUA o sistema de saúde não é universal e porque as seguradores se comportam como empresas que são. Para elas, a receita é simples: fazer lucro. E se fazer lucro é igual a prestar menos cuidados médicos, é isso que fazem. A única função de um médico numa seguradora passa a ser encontrar razões para negar o tratamento e poupar dinheiro à empresa.
Moore puxa sempre a brasa à polémica, e a maneira de o fazer é extremar os campos. O realizador de 53 anos não se limita a reportar os factos, a documentá-los: intervém directamente na realidade para evidenciar a tese que quer provar. Daí que pareça exagerado ao olhar e ouvido mais atento quando nos faz parecer que a Inglaterra e a França são países perfeitos, onde não se espera mais de 45 minutos por uma consulta, onde não se paga a universidade (o que em França não é verdade, os estudantes pagam propinas, ainda que essa propina anual seja menos de metade da que os alunos portugueses pagam…) Prega com ironia as maravilhas de um sistema de saúde "socializado" na Europa, mas só mostra as virtudes desse sistema e não as falhas. É esse o modus operandi de Michael Moore: mostrar e enfatizar a porção da realidade que lhe interessa para validar o seu ponto de vista. O que, paradoxalmente, acaba por enfraquecer a sua tese: sabemos que o sistema de saúde de que a Europa dispõe, mesmo com as suas lacunas, bate o sistema americano aos pontos. Mas com Moore a pôr tudo entre o preto e o branco, entre os "bons e os maus", é difícil apoiá-lo a 100%.
Seguradoras, tremam!
As seguradoras prepararam-se para a chegada de Moore – distribuindo memorandos nas empresas que ensinavam os empregados o que fazer e dizer na presença do realizador. Mas Michael Moore nem quis falar com eles. Não há, por isso, o "outro" lado da história (talvez fosse interessante ouvir as seguradoras a tentar justificar o seu trabalho…). Mas Michael Moore não é jornalista. Segundo ele, o seu trabalho (sendo jornalismo, é também uma sátira combinada com largas pitadas de opinião de modo a criar uma obra de arte). Obra de arte? Há quem ache o contrário. Rick Caine e Debbie Melnyk, outrora fãs de Moore, lançaram o documentário Manufactering Dissent onde desconstroem os métodos de Moore e o mostram como um homem que não sabe lidar com as críticas. Talvez para provar que consegue, no final do documentário Moore revela que financiou o maior site "Anti-Moore" dos EUA, que ia fechar porque a esposa do seu autor estava doente e ele não podia suportar os custos.
Em Sicko, Michael Moore recorre à artilharia pesada para demonstrar que está certo. Recruta trabalhadores voluntários no Groud Zero que desenvolveram doenças respiratórias e a quem as seguradoras se recusam a ajudar. Levou-os até Guantanamo (onde os presos da Al-Qaeda recebem melhores tratamentos médicos, diz Moore, que os americanos). Não podendo entrar, segue com os trabalhadores até Cuba, onde tem total liberdade de movimentos. E por isso tem o governo dos EUA (mais uma vez) à perna, com acusações de ter violado o embargo dos EUA a Cuba.
Apesar de tudo, há algo de diferente neste filme. Moore afirmou quer que este filme seja visto para lá de diferenças entre partidos e crenças políticas. O mau serviço do sistema de saúde norte-americano afecta todos. Este ano, no Festival de Cannes, onde apresentou o filme, Moore confessou: “Não quero ser eu a fazer as coisas, quero que sejam os americanos a levantar-se e a fazer as coisas”. Mas o realizador dá um "empurrãozinho".
Fonte: Sapo.pt